terça-feira, 1 de julho de 2008

Abrindo os olhos.

Três, dois, um. Meu despertador toca para iniciar mais um dia comum, como se, no fim das contas, eu não soubesse que essa rotina não me levaria a lugar algum. Conheço a verdade, mas finjo desconhecê-la. Melhor assim. Torno-me, diariamente, em outra coisa alienada da sociedade por escolha própria.
Desperta, dirijo-me à porta de meu quarto, que sempre esteve aberta para um ser imaginário entrar. Sinto um vazio momentâneo que prefiro ignorar antes que ele atinja o estágio da solidão extrema. Não, não quero ficar com a mesma sensação de desespero do dia anterior. Sim, eu prefiro continuar acreditando num possível rumo para minha diária rotina indolor. Sofrer pra que? Eu já havia sofrido demais com a morte de minha avó e com a traição de meu ex-(imbecil)-namorado. Agora, eu estou em outro plano. Talvez, o da verdadeira felicidade.
Desde sempre, aprendi que, para ser feliz, era necessário que a mágoa fosse substituída em nossas mentes pelas idéias alegres que cada pessoa tem em seu cérebro. Bobagem! Quem é que disse que todo mundo comporta na cabeça imagens bonitinhas e divertidas? Quem é que declarou que vivemos, portanto, num paraíso de recordações? Eu não me encaixo nessa regra. Agora, posso dizer, felizmente! Durante toda minha ridícula vida, acreditei que, somente pelo fato de ter um parente de sangue e registro perto de mim, eu já era feliz. Acreditei que, somente pelo fato de ter um homem que eu amava ao meu lado, eu já era feliz. Eu botava fé em tudo isso, porque foi exatamente esse tipo de comportamento que eu aprendi ser o correto a seguir. Neste momento, descubro que esse tipo de comportamento era o mais ignorante a se seguir. Minha avó sempre me criou da forma mais indiferente possível, enquanto meu antigo namorado caçava “ninfetinhas” por aí, pois, para ele, eu não servia nem mais pra conversa. Tudo acontecendo na minha cara sem eu conseguir ver, sem eu poder conhecer a realidade, por causa de uma triste e falsa felicidade que me torturava sem dor, aos poucos, até o dia em que a sua máscara iria cair. E ela caiu (da pior forma possível, mas caiu). Só ontem tive o prazer de perceber que a verdade estava diante de meus olhos, e eu não a conseguia enxergar por cumprir um padrão (moral!) de atitudes, as quais se podem chamar de educação. Hoje, acordo não só para vida cotidiana como também psicológica, e vejo que o melhor a se fazer é simplesmente esquecer. Esquecer das pessoas e dos problemas que atormentaram meu interior e que agora explodem para atormentar meu exterior. Não! Aprendi a verdadeira lição na raça, e não quero repetir a alienação mentirosa que aplicava até ontem à noite. Acordei com o objetivo de fazer a diferença, mas, pra isso, necessito de um tipo diferente de alienação, que seja benéfica a curto ou longo prazo. Não tenho pressa em arrumar o resto de vida que ainda tenho. Antes, não conhecia a verdade. Agora, sei e finjo não saber. Sabedoria que poucos têm, mas que captei ainda a tempo.

2 comentários:

Grunge sexy da vovó disse...

Hoje eu tenho medo de amar alguém, pelo simples fato de depois eu poder chegar a me magoar. Nós sabemos o que fazemos e pensamos, mas não podemos dizer o mesmo sobre outra pessoa, afinal, o que lhe parece uma pessoa fiel ou boa pode ser certamente o seu oposto!

Rweva disse...

indeed very good!